A paisagem da dependência: urbanismo e desenvolvimentismo no Rio de Janeiro (1850-1960)

Coordenador:

Integrantes:

Núcleos e Laboratórios:

Linhas de pesquisa:

As transformações urbanas brasileiras de forma particular, e latinoamericanas de forma geral, conforme identificado por Milton Santos, ocorrem segundo uma relação assimétrica (colonial, imperialista) de poderes na qual um centro determina, a partir de uma verticalidade intermitente, qual o ritmo e sentido hegemônico das mudanças na/da periferia. O objetivo deste projeto de pesquisa é investigar de forma rigorosa a maneira como estas transformações se processaram no Rio de Janeiro, delimitando uma categoria de interpretação do espaço periférico: a paisagem da dependência, que é a resultante socioespacial da modernização coordenada pelo capitalismo dependente. Tomando-se por base a interpretação de Florestan Fernandes a respeito dos padrões de dominação externa na América Latina, parte-se, como caso referência, da compreensão de como se deu a produção do espaço da cidade do Rio de Janeiro desde a promulgação da Lei de Terras (1850) até o período da finalização da construção de Brasília (1960). Este recorte dialoga de forma direta com a constituição da fase de dominação externa denominada por Fernandes como “imperialismo”, tornando-se central para fornecer elementos suficientes para a interpretação, definição e formulação rigorosa da categoria da paisagem da dependência. A reconstrução histórica desta trajetória é necessária para compreender, por fim, a maneira atual de desenvolvimento intermitente das cidades brasileiras que, apesar de carregarem formas novas de realização diante da financeirização global, repetem um conteúdo que, por si só, deve ser capaz de afirmar, e evidenciar, a contraditória continuidade da produção de uma paisagem da dependência. O produto final, que servirá de chave de interpretação da produção contemporânea do espaço, deverá ser disponibilizado na forma de plataforma digital de informações que possibilite a leitura de dados complexos espacializados e dispostos cronologicamente, identificando as alterações que conformaram a modernização dependente da paisagem.