Valorização da região suburbana carioca através de ações artísticas e culturais junto a agentes locais

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As áreas pericentrais e os subúrbios cariocas correspondem a territórios metropolitanos distintos daqueles inteiramente relegados pela segregação involuntária, como favelas e outras formas de ocupação irregular – caracterizadas tanto pela precariedade ou distância da moradia aos serviços urbanos quanto pelo comprometimento nas lógicas de gueto. Igualmente distinguem-se daqueles mais valorizados, residência preferencial das camadas de maior poder aquisitivo, nos quais há prioridade em inversões públicas e privadas (MONGIN, 2009 [2005]). Mesmo sendo territórios de ocupação consolidada, habitados por grande parte da população (no Rio de Janeiro, mais de um quarto de sua população), sofrem perda das marcas impressas pela história desde o início da formação da cidade, e de sua qualidade urbana e ambiental. Esse processo de perda de referências culturais e qualidades ambientais, não é recente, apesar de terem sido territórios pioneiros na expansão da malha urbana do Rio de Janeiro, e acabou levando a um desconhecimento por uma parte da população metropolitana, inclusive lá residente, sobre a relevância de suas expressões e manifestações. Esse desprestígio tem levado a uma subordinação cultural para com a cidade, e perda de aspectos autênticos e espontâneos da experiência urbana que se agrava com a desaparição crescente de formas vernaculares urbanas e o surgimento de conformações provenientes de modelos hegemônicos que enfraquecem os laços de pertencimento das populações locais. Importa recuperar, estimular o interesse a partir do que existe, da intensidade urbana, da convivência entre formalidades e informalidades, das qualidades presentes no seu patrimônio material e imaterial, do potencial de transformação das situações reais. Essa mudança deve abrir a chance para um potencial de desenvolvimento mais autêntico e “energizante”. Importa absorver as expressões e manifestações culturais, reconstruir um mundo metropolitano capaz de conjugar no espaço e no tempo novas proximidades e externalidades positivas. Constituem-se em territórios mal compreendidos e desafiantes – estratégicos para o desenvolvimento contemporâneo. A partir do reconhecimento da necessidade de uma atuação diferenciada do arquiteto e urbanista, o projeto se propõe a envolver-se com as dinâmicas sociais responsáveis pela construção dessa porção do espaço urbano, fazendo uma articulação com os agentes locais urbanos. A intenção é de buscar dispositivos que estimulem as condições localizadas e um meio de apresentá-las, através de um processo baseado no diálogo entre as partes, produzindo ferramentas de apropriação coletiva. Deste modo, o projeto enfatiza o apoio acadêmico-institucional, focando-se em aspectos e elementos culturais, através da troca de saberes, fundamentada pelo conhecimento das experiências dos grupos da população parceiros no projeto. Volta-se para uma vivência acadêmica pautada na oportunidade de exercitar um aprendizado de natureza distinta daquele usualmente realizado em sala de aula, no qual se destacam os processos urbanos vivenciados na prática em seus contextos de complexidade e uma abordagem interdisciplinar, trazendo um enriquecimento para uma futura atuação do profissional arquiteto e urbanista. A atuação terá um enfoque na explicitação dos valores urbanos e culturais provenientes de processos expressos nas relações socioespaciais através de cartografia colaborativa que possa ser apresentada em diferentes mídias, impressa, visual, audiovisual e digital, que atinja principalmente aqueles que vivenciam esses territórios. O material a ser produzido deverá também servir de ferramenta no apoio à divulgação e encaminhamento de propostas junto a agentes governamentais, visando fortalecer políticas urbanas e culturais.

Apoio: UFRJ