Espaços remanescentes na era pós-industrial: oportunidades para urbanismo inclusivo na metrópole contemporânea

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O projeto parte da pesquisa sobre remanescentes industriais nos subúrbios cariocas ferroviários da Zona Norte da Cidade do Rio de Janeiro, desenvolvida no PROURB/FAU/UFRJ desde finais de 2019, com apoio da UFRJ, FAPERJ e CNPq, inserindo-se na linha de pesquisa que investiga a dimensão físico-territorial da questão urbana, especialmente relativa à estruturação do espaço urbano e ao projeto urbano. Desde finais dos anos 1960, em países centrais, a rentabilidade que espaços remanescentes podem trazer em áreas urbanas consolidadas tem levado à modificação do antigo parque industrial em áreas voltadas ao consumo por grupos de maior poder econômico, implicando na crítica à elevação do valor do solo e sua consequente gentrificação, e à associação do Estado à produção capitalista urbana contemporânea inserida em um modelo de urbanismo neoliberal. Neste contexto, há pouco reconhecimento do potencial desses espaços para transformação urbana capaz de levar a práticas urbanísticas inclusivas. Na cidade do Rio de Janeiro tendo sido capital do país por um longo período, a industrialização e desindustrialização principalmente na região suburbana ferroviária da Zona Norte, são fenômenos expressivos. Hoje ao lado de indústrias ativas, há muitos estabelecimentos fabris funcionalmente esvaziados, havendo expressiva na configuração espacial e na vida de uma parte de sua numerosa população por conta da presença numerosa de remanescentes industriais inativos ou reconvertidos. Alguns desses espaços converteram-se em investimentos imobiliários pouco condizente com as possibilidades de ocupação da população local, ou ocupação irregular, transformando-se, respectivamente, em condomínios exclusivos ou em pequenas favelas. O debate sobre os novos empreendimentos tem sido trazido, sobretudo, por movimentos urbanos, referindo-se à perda dos modos de vivenciar espaços públicos e ao deslocamento da população local do contexto urbano. Para entender efeitos e oportunidades geradas por esses espaços remanescentes o projeto se volta à reflexão em torno da sua empatia e potencial de inclusividade considerando a capacidade de se constituir em potência transformadora de territórios. Para isso, pretende investigar o papel de instituições, forma urbana e tecnologias, imaginadas como novas entidades, criadas com o suporte e a atuação de agentes locais, envolvendo a compreensão de contextos territoriais e a relação que se estabeleceu com aqueles que produziram e vivenciaram os espaços, abrindo perspectivas para transformações urbanas a partir da sua existência. Neste sentido, se propõe a apontar rupturas e continuidades nos fundamentos e práticas da arquitetura e urbanismo, envolvendo análises teóricas e discussões críticas sobre conceitos próprios do campo do urbanismo, além de pretender contribuir no debate em torno do papel de agentes, instrumentos e ferramentas de gestão territorial, ampliando a visão sobre políticas públicas urbanas. Ao analisar fenômenos urbanos nas porções urbanas nas quais predominam camadas da população mais vulneráveis, estabelecidas a partir do trabalho no setor fabril, o projeto articula-se com a busca de alternativas para enfrentar questões urbanas relacionadas às desigualdades socioespaciais, resultantes dos processos engendrados ao longo do tempo na sociedade brasileira.

Apoio: CAPES e UFRJ.