A Fachada como Interface: Repertório de Projeto

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De acordo com Fanelli e Gargiani, a composição plástica dos planos de fechamento dos edifícios pode ser entendida como uma história das soluções feitas para o que faz a especificidade da arquitetura, a saber as relações espaciais potencializadas pelo trinômio espaço, estrutura e fechamento. Com base nessa premissa, esta pesquisa se propõe a olhar para a arquitetura residencial multifamiliar produzida pela escola carioca de arquitetura moderna a partir dos seus planos de fechamento. A escolha por edifícios modernos se justifica pois foi a partir deles que a fachada perdeu sua função estrutural, o que gerou um novo horizonte de possibilidades de articulação espacial. E a escolha pela escola carioca se justifica por ter sido ponto alto na produção moderna residencial brasileira, auxiliando a ampliar consciência sobre um legado cuja fecundidade talvez não esteja esgotada. Assim, analisaremos em escala ampliada os planos de fechamento de um conjunto de edifícios representativos desta produção. O objetivo é explorar um repertório de elementos de arquitetura próprio para os planos de fechamento e relacionado com o modo como a fachada exerce uma transição dilatada entre interior e exterior, tema especialmente caro para a arquitetura moderna brasileira. O estudo destes elementos e seus processos compositivos traz como implicações o enfrentamento de questões como as relações entre estrutura e vedação, e entre estrutura e espaços internos; a composição a partir da estrutura recuada; o filtro como dispositivo plástico e os diferentes tipos de filtros utilizados; a relativização da separação entre ar interno e externo; o emprego da varanda como dispositivo tradicional transposto para o edifício em altura, entre outras. E um dos meios de construir esse repertório é perseguir a reciprocidade entre as intenções por trás do projeto arquitetônico e os imperativos da construção, e em particular o papel da técnica. Por fim, o tema relaciona-se também com a forma como os planos de fechamento se articulam para estabelecer diálogos entre interior e exterior dos edifícios, diferenciando os âmbitos privado e público, definindo fronteiras e hibridações entre ambos, e com isso ajudando a entender que tipo de cidade essas arquiteturas têm o potencial de gerar.