Tarciso Binoti Simas
Título da Tese: O otimismo na Competição das cidades pela inovação e o outro lado dos casos Porto digital e 22@ Barcelona
Ano de defesa: 2018
Orientador: Sônia Azevedo Le Cocq d’Oliveira
Resumo | Abstract: Embora sejam realidades completamente distintas, Recife (Pernambuco/Brasil) e Barcelona (Catalunha/Espanha) ingressaram, desde o final do século XX, em uma competição de tratamento de “áreas estratégicas” para negócios imobiliários, turísticos e/ou de entretenimento. Neste contexto, as duas cidades renovaram suas estratégias de city marketing associando a criação de parques tecnológicos em novas operações urbanas. São respectivamente os casos Porto Digital no Bairro do Recife e 22@Barcelona em Poblenou; ambos implantados no ano 2000 com base em diferentes conceitos do então intenso debate sobre economia do conhecimento nos anos 1990. Apesar de suas diferenças, nestes de 17 anos de experiência, estes planos demonstraram ser extremamente dinâmicos ao sobreviver por momentos econômicos e políticos diferentes e ao renovar suas próprias estratégias baseadas em novos conceitos na moda da economia criativa e do movimento maker. Além de analisar a trajetória destes planos como um todo e os impactos de suas intervenções mais recentes, esta tese destaca uma tendência em comum nas duas experiências: a instrumentalização de conceitos do debate em inovação tecnológica como estratégia de city marketing. Este direcionamento demonstrou ser uma estratégia de marketing muito eficiente, devido ao fascínio e ao potencial de sedução que a inovação tecnológica lhes confere. Assim, suas políticas urbano-arquitetônicas e produtivo-inovativas favorecem mais o “otimismo” nos negócios do que a diminuição de suas desigualdades ambientais e socioeconômicas. Associado a outras estratégias de revitalização, seus territórios anteriormente desvalorizados estão sendo gentrificados. Ou seja, estão sendo convertidos em mercadorias valorizadas consumidas pela classe média e por turistas. Consequentemente, parte da população de baixa renda está emigrando, seja de forma mais silenciosa pelo aumento do custo de aluguel ou por ações incisivas do poder público e/ou do mercado imobiliário. E o resultado destas transformações também é semelhante quanto ao direcionamento de seus territórios a uma cidade mais segregada, dispersa, genérica e do espetáculo, com concentração de espaços de trabalho, retenção especulativa e espaços públicos subutilizados.