Mario Luis Carneiro Pinto de Magalhães
Título da Tese: O Pensamento Urbano de José Bonifácio: A arqueologia de um saber sem nome
Ano de defesa: 2018
Orientador: Margareth da Silva Pereira
Resumo | Abstract: O trabalho em questão revisita José Bonifácio de Andrada e Silva, consolidado na memória nacional em seu papel de político, como Patriarca na Nação. Nos desdobramentos dos trabalho mais recentes sobre sua figura e nos debates sobre novas possibilidades de enfoque historiográfico e de debates acerca do pensamento urbanístico, a figura de José Bonifácio ganha maior complexidade. Figuram-se, principalmente, facetas pouco exploradas de sua reflexão e ação que são hoje de interesse para problematizar o campo do urbanismo no bojo de um novo momento de reorganização dos saberes ao mesmo tempo 'locais' e 'globais', gerais e específicos. Mais precisamente, o pensamento de José Bonifácio contempla questões territoriais e de urbanização atentas às especificidades das situações. Mais que isso, empreende esforços de mediação e negociação de parâmetros capazes de intuir e defender uma “universalidade contingente”. Assim, retomar um dos principais proponentes da ideia da construção de uma nova capital para o Brasil - Brasília - é primeiramente entender como este novo assentamento populacional, essa nova 'cidade' fala de um projeto abrangente de institucionalização da vida coletiva, que traça uma nova nação, um novo Estado, tendo por elemento construtivo homens igualmente novos - homens livres. Ora, identificar suas propostas para a capital e outras formas de povoação e povoamento demanda entrecruzar a temporalidade de suas experiências, seus afetos e suas (re-)emergências em diferentes discursos. Daí uma maior atenção não ao Bonifácio estritamente político, mas ao homem 'encarnado', marcado por vivências que o interpelam e reintegram-se em um estar no mundo que engaja a totalidade da existência e conforma um saber sem nome em sua transversalidade. Esta tese busca romper a visão cristalizada e de certo modo esquemática de Bonifácio, chamando atenção para sua forma de pensar a vida coletiva como uma poética do político. É neste sentido que sua reflexão e proposta sobre o urbano e para Brasília, desenha e deixa vivo como convite, e como metáfora, a ideia de um país e um território que ele próprio chamaria de um 'Hemisfério da Liberdade'.