Maria Luisa Gamboa Carcereri
Título da Tese: Tecitura das águas. História ambiental urbana dos Igarapés de Manaus/AM
Ano de defesa: 2017
Orientador: Eliane da Silva Bessa
Resumo | Abstract: O trabalho investigou a interação entre cidades e corpos hídricos buscando contribuir para este debate na Amazônia. O objetivo do estudo foi analisar as contradições e os conflitos entre o processo de formação e expansão urbana de Manaus e a rede de igarapés que drena a cidade, de modo a compreender os condicionantes desta relação de influência mútua. Utilizou-se a história ambiental urbana como embasamento teórico-metodológico, considerando o igarapé como um protagonista ativo na formação histórico-social da cidade. No âmbito da região amazônica foram identificados dois pontos de inflexão relacionados com mudanças econômicas e geopolíticas na região, e considerados como marcos relevantes para a análise. O primeiro deles foi o ciclo econômico da borracha, com auge entre 1890 e 1910. O segundo iniciou-se no final da década de 1960, com a proposta de integração da Região Norte ao território nacional. No âmbito local, na cidade de Manaus, estes marcos se desdobraram em quatro períodos de análise: i) o período provincial (1852 a 1889), que permite compreender o papel dos igarapés no processo inicial de formação urbana da cidade; ii) o período da Belle Époque manauara, onde os lucros auferidos com a borracha possibilitaram uma significativa mudança na relação entre o ambiente natural e o construído; iii) o interstício entre o período Belle Époque e os anos 2000, marcado pela implantação da Zona Franca de Manaus e por impactos significativos sobre os igarapés; iv) o período iniciado na década de 2000, com a implantação Programa Social e Ambiental dos Igarapés de Manaus (Prosamim), pelo Governo do Estado do Amazonas, que propunha reverter os problemas ambientais, urbanísticos e sociais que afetavam a cidade e seus habitantes. Partiu-se da hipótese de que as especificidades ambientais dos igarapés não foram tomadas como premissa para as intervenções sobre eles aplicadas. Ainda que engendradas sob paradigmas urbanos e ambientais diversos, as ações do Prosamim replicaram formas de atuação observadas desde o período da Belle Époque contribuindo assim, para a eliminação histórica de suas relevantes características ambientais.
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