Lucas Domingues Guimarães
Título da Dissertação: A Sociabilidade e Seus Espaços: Um Estudo Histórico a Partir de Seus Intérpretes
Ano de defesa: 2008
Orientador: Margareth da Silva Pereira
Resumo | Abstract: Espaços de sociabilidade: uma definição; suas origens e transformações na sociedade ocidental, até o Renascimento; estudo elaborado a partir de obras de historiadores e sociólogos do século XX. Segundo Jacques Le Goff, “é a sociabilidade, o prazer de estar com o outro, que estabelece em definitivo a diferença urbana, a urbanidade”. Não obstante sua importância, a sociabilidade é tema pouco discutido entre urbanistas, mais dedicados a um exame formal da cidade. A sociabilidade fica restrita ao campo da sociologia, que, por sua vez, não se aprofunda na relação entre essa prática social e a forma urbana. Este trabalho tem como objetivo criar uma ponte entre os dois campos, analisando a sociabilidade em seu contexto espacial – em sua situação em relação às cidades. Os espaços de sociabilidade são estudados, aqui, segundo uma perspectiva histórica para que se possa acompanhar suas transformações através dos tempos. O recorte espaço-temporal abrange: as origens da sociabilidade na pré-história e os espaços de sociabilidade nas primeiras cidades da Mesopotâmia, nas pólis gregas, em Roma e seus domínios, e nas cidades da Europa medieval até a Renascença. A pesquisa se apoiou em obras de autores que tratam da sociabilidade no período citado, entre os quais: Lewis Mumford, Georges Duby, Jacques Le Goff, Paul Veyne e Richard Sennett. A partir de suas descrições das práticas de sociabilidade – e em confronto com as análises da forma urbana, como as de Leonardo Benevolo e Edmund Bacon – foi possível delinear a evolução (origens, transformações, interrupções e ressurgimentos) dos espaços de sociabilidade nos territórios da civilização ocidental até o século XVI. Constatou-se a “persistência” da sociabilidade através dos tempos: as práticas e os espaços de sociabilidade sofrem mutações quando o contexto ao seu redor se altera, sem desaparecer por completo. A sociabilidade é fluida – encontra novos nichos sempre que seu abrigo anterior se desmantela. E é nas cidades, onde há concentração, diversidade e grande número de pessoas, mas também lugares (“nichos”) para tomar como abrigo, que a sociabilidade melhor se desenvolve.