Jorge Alfonso Astorga Garro
Título da Dissertação: Uma Escuta Sobre o Programa Monumenta na Praça Tiradentes do Rio de Janeiro
Ano de defesa: 2011
Orientador: Lilian Fessler Vaz
Resumo | Abstract: A dissertação “Uma Escuta sobre o Programa Monumenta na Praça Tiradentes do Rio de Janeiro” trata deste modelo de revitalização de centros históricos (Ministério da Cultura / Banco Interamericano de Desenvolvimento), que foi aplicado em várias cidades do Brasil, inclusive no Rio de Janeiro, na área da Praça Tiradentes. Refere-se a uma avaliação crítica do modelo do Monumenta, questionando dois de seus pressupostos de que se tratando edifícios isolados, preservados e de ruas e praças é possível contagiar e revitalizar uma área degradada, assim como fortalecer o comércio local, viabilizando a sustentabilidade do processo de revitalização. É apresentada uma análise das ações na área – a praça e seu entorno - verificando as intervenções do Monumenta e de outros programas locais. Pessoas que participaram do processo foram ouvidas, tendo sido feita uma breve avaliação da atuação do Programa e de suas inter-relações com essas pessoas. O trabalho se apóia em obras de Piccinato sobre centros históricos, de Jeudy sobre patrimônio, de Lefebvre sobre centralidade, de Carrión sobre os centros e de Vaz sobre moradia, considerando sempre a globalização como fato que atinge a todos e a gentrificação como inerente a este tipo de programa. Os programas de revitalização geralmente levam a modelos globais, reforçando o comércio, e por vezes, o turismo como garantia de sustentabilidade. Pouco se pensa nas questões sociais locais, nem em participação, pois estes modelos já vêm consolidados. Os centros históricos das cidades brasileiras sofreram intervenções pontuais, muito voltadas para os edifícios. Nos últimos anos, percebeu-se a importância da elaboração de programas mais completos, visando à restauração dos sítios e não só das construções.
Paralelamente, os governantes começaram a vislumbrar possibilidades de resgate e valorização a partir do patrimônio e do turismo. Assim, muitos modelos foram abandonados e hoje já se pensa no conjunto, na questão local, na participação, e se entende o centro histórico enquanto uma centralidade e não mais como um local museal. Na pesquisa, observou-se a falta de participação e de discussões sobre a intervenção, problemas de gestão, atrasos de obras, problemas com empreiteiros e com proprietários imobiliários. Quanto aos atores envolvidos, verificou-se que os técnicos têm uma visão positiva do Programa e do local, embora lamentem a falta de moradias e da continuidade do Programa; já para os comerciantes, apesar dos transtornos, o resultado já pôde ser visto como positivo. A dissertação enfatiza que estas ações de intervenção atingem os espaços abandonados da cidade apenas superficialmente. Reformam-se edificações, fachadas e coberturas, mas os espaços interiores permanecem vazios. E que este vazio, que é a falta da atividade humana, reproduz o abandono e a ruína. Por isso, o centro histórico não pode ser transformado num espaço cênico, que “conserva” elementos edificados, sem que haja uma população para preenchê-lo com vida.