João Paulo Oliveira Huguenin
Título da Tese: Utopias tangíveis no cooperativismo habitacional latino-americano
Ano de defesa: 2023
Orientador: Luciana da Silva Andrade
Resumo | Abstract: A presente pesquisa partiu da hipótese de que o cooperativismo habitacional produzido na América Latina poderia ser uma utopia experimental (LEFEBVRE, 2001 [1968]). A proposta do cooperativismo habitacional se baseia na produção de moradia pelo sistema de autogestão, com a utilização da ajuda mútua na etapa de construção e a adoção da propriedade coletiva na fase de uso. Criado e experimentado incialmente no Uruguai na década de 1960, essa forma de produção habitacional foi levada a outros países latino- americanos e adaptada aos seus contextos socioespaciais. Para testar a hipótese, escolhemos trabalhar com movimentos de luta pela moradia de três países: FUCVAM do Uruguai, a UNMP do Brasil e o MOI da Argentina. Esse recorte foi feito com base na criação, por esses movimentos, da Secretaria Latino-americana de Habitação e Habitat Popular, uma rede que busca difundir e aprofundar os conceitos de autogestão da moradia. Partindo da categoria utopia, buscamos compreender as práticas e as produções desses movimentos. Metodologicamente, utilizamos as narrativas audiovisuais (BENJAMIN, 2012[1936]) como forma de aproximação das representações que os movimentos possuem dessas práticas. Tais narrativas foram utilizadas para discutir 1) o conceito de América Latina e sua importância para compreensão do fenômeno; 2) a compreensão da autogestão como uma prática seguida por esses movimentos; e 3) a concretização das cooperativas habitacionais, apontando semelhanças e diferenças entre as experiências de cada um dos três movimentos. As contradições em que os grupos auto-organizados dentro de cada movimento e nos diferentes países não nos permitem considerar todas as experiências como uma “utopia experimental”. No entanto, essas práticas apontaram para outras utopias possíveis, como uma produção habitacional voltada para seu valor de uso, uma tentativa de superação da divisão de trabalho, uma transformação de bairros e uma busca por uma centralidade renovada. Assim, chegamos à ideia de “utopias tangíveis”, que apontam nesses processos a possibilidade de pensarmos a superação do sistema.
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