Isabela de Carvalho Ono
Título da Dissertação: "Espaço Público" - Uma Noção em Mutação - Um Breve Estudo dos Atuais Espaços de Prazer e Sociabilidade na Cidade do Rio de Janeiro
Ano de defesa: 2004
Orientador: Margareth da Silva Pereira
Resumo | Abstract: O presente estudo tem como objetivo fazer uma reflexão sobre o espaço público contemporâneo, observando as atuais formas sociais de vida na cidade, pretendendo entender o processo de construção de seus significados à luz de uma possível re-significação da sua noção contemporaneamente. Para tanto, foi necessário realizar um estudo que fosse além das formas físicas, levando-se em conta também as diferentes formas de apropriações sociais que vêm tomando corpo nos espaços urbanos na atualidade, focando particularmente o Rio de Janeiro. Neste sentido, o presente trabalho pretende apontar a existência de algumas apropriações atuais não planejadas, de materialização “efêmera” e mutável no Rio de Janeiro, esperamos ressaltar a importância dos espaços livres tratados aqui, apontando para a relevância de seu caráter público para a significação e manutenção da vida social na cidade do Rio de Janeiro. Como metodologia, foi necessário o estudo da conceituação da noção moderna e ocidental de espaço público, no que diz respeito ao seu caráter físico, social e político. Também fundamental e necessário, foi o processo de entendimento sobre a forma como esta noção foi construída “culturalmente e urbanisticamente” até a atualidade. Foi traçada então uma breve história da construção da noção de espaço público e de sua materialização complexa nas cidades: sob a forma de ruas, calçadas, praças, jardins e parques, ressaltando as apropriações “prazerosas” 5 ocorridas muitas vezes de forma efêmera e democrática trazendo em paralelo as discussões internacionais no campo do urbanismo. As observações empíricas de alguns dos atuais “espaços públicos” da cidade foram fundamentais, mostrando como eles vêm sendo utilizados e significados. Foi realizado um breve mapeamento de algumas áreas (centro/zona sul), onde observamos a ocorrência das apropriações de prazer e sociabilidade na cidade, as quais foram documentadas e registradas através de fotos. O que tem de novo no presente estudo, não é só apontar para a maneira como os “espaços livres públicos” são apropriados, mas sim à atenção para diversidade de formas materiais de apropriações não previstas, e também sua intensidade no momento atual, sendo, por exemplo, fácil de verificar a proliferação hoje destes espaços por toda cidade do Rio de Janeiro. Esta diversidade e intensidade, aliada a extrema mutabilidade com que certas áreas são eleitas ou abandonadas como “espaços livres públicos de lazer” questionam uma série de lugares que, historicamente, atribuíamos como os “espaços livres públicos” por excelência e ao mesmo tempo como “áreas de lazer”, como os parques e as praças. Assim, ressaltamos ter sido um desafio pessoal refletir sobre tal tema, pois, ao mesmo tempo, que as experiências vividas na cidade enquanto cidadão e usuário dos espaços públicos, foram confrontadas com a visão enquanto pesquisador (que buscou refletir sobre as questões teóricas que envolvem o tema) e também de certa forma, enquanto interventor (por força da atuação profissional) que vem efetivamente planejando tais espaços da cidade.