Iazana Guizzo
Título da Tese: Os Métodos de Concepção do Espaço Comum: A Participação em Christopher Alexander, Lina Bardi e Hassan Fathy
Ano de defesa: 2014
Orientador: Margareth da Silva Pereira
Resumo | Abstract: A pesquisa aqui proposta versa sobre a questão da participação dos habitantes nos processos de concepção arquitetônicos e urbanísticos. Como seria possível projetar com os habitantes? Ou como seria possível elaborar um projeto comum? Esta atenção ao desenhar, que reclina sobre uma possível fissura entre as teorias de projeto e as práticas dos habitantes, vem se consolidando no campo da arquitetura e do urbanismo desde a metade do século passado. Diante da multiplicidade e contradição que acompanha essa questão, mantivemos o foco da pesquisa, mais, nas experiências de projeto que tenham praticado uma atitude de lateralidade para com os habitantes e, menos, nos métodos que se autointitulam participativos. No que diz respeito ao desenvolvimento da Tese, nos valemos de quatro experiências de projeto ocorridas na metade do século XX e da análise de dois modos distintos de enfrentar essa questão: um explícito, a metodologia dos padrões, e outro implícito, a metodologia do contágio. O primeiro, trata da análise do experimento de Oregon desenvolvido por Christopher Alexander, nos Estados Unidos. Nesse caso, o projetar com a comunidade se deu de modo pessoal, operacional e material mantendo-se, ainda, com o uso de modelos e aproximando essa experiência de projeto à lógica contratualista (Thomas Hobbes). Apesar disso, esse caso nos permitiu trabalhar e problematizar algumas posturas e questões recorrentes como: a neutralidade do arquiteto visando o combate ao autoritarismo; a divisão do poder de decisão como alternativa máxima a democratização (Carlos Nelson F. dos Santos); e as noções mais recorrentes de todo e de movimento (Gilles Deleuze e Henri Bergson). O segundo método se encarna na experiência de projeto do Solar do Unhão realizada pela arquiteta Lina Bo Bardi, em Salvador, na Bahia, e na experiência do arquiteto Hassan Fathy com o projeto da cidade de Nova Gurna, no Egito. Nesses dois casos essa atitude lateral, ou transversal, ao projetar se deu de modo intuitivo e por contágio, sem que fosse preciso negar a parcialidade e o desenho do arquiteto. Ao combater o autoritarismo por meio de uma perspectiva impessoal e imaterial o próprio traço do arquiteto passa a estar povoado de afetos ativos e necessariamente públicos (Baruch Spinoza). Assim, a composição por contágio se dá de modo mais amplo do que aquela apenas da matéria construída, possibilitando ao arquiteto dispor seu ofício aos habitantes e, também, à própria arquitetura visto que, diante de novas forças, ela pode ultrapassar os modelos.
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