Alunos egressos

Gustavo Badolati Racca

Título da Tese: A Cidade Vista pelo Documentário: A produção de representações coletivas sobre o espaço urbano em documentários fílmicos

Ano de defesa: 2018

Orientador: Maria Cristina Nascentes Cabral

Resumo | Abstract: As representações visuais das cidades revelam, desde a origem do cinema, o interesse dos cineastas em estabelecer uma relação com o espaço urbano e instigam, frequentemente, muitos estudos acadêmico-científicos sobre essa prática cultural e artística. Ressalte-se, porém, que o filme documentário tem se firmado como um veículo da cinematografia que busca, através da captura de imagens, projetar para o espectador vários acontecimentos da realidade urbana. Neste sentido, as reflexões constantes desta pesquisa partem da compreensão desse gênero fílmico, comprometido com a indexação da realidade, e a maneira como desenvolve diferentes maneiras de representar o espaço urbano. Os documentários fílmicos, por sua vez, estão fundamentados na construção de “vozes” que definem as escolhas dos cineastas quanto aos eventos urbanos que pretendem narrar. No que diz respeito à cidade e sua representação nesse tipo de documento fílmico, as narrativas são, em geral, delineadas por “vozes” reguladas por questões de ordem técnica, simbólica e social. Para compreender essas escolhas, a pesquisa fundamenta-se teoricamente na investigação do conceito de “aparelho” cunhada pelo filósofo Vilém Flusser e as relações que estabelece com o “funcionário” que o manuseia para registrar a cidade. O manuseio do aparelho, no entanto, pressupõe o estabelecimento de uma postura corporal dos funcionários diante dos aspectos urbanos à sua frente. Por outro lado, a abordagem histórica da cidade por meio da leitura de suas relações com o corpo humano, descritas por Richard Sennet, impõe reflexões acerca das novas posturas corporais cada vez mais intermediadas por aparelhos neste novo século. Assim, investigar a representação que os documentaristas fazem do espaço urbano possibilita a leitura do comportamento dos corpos urbanos diante das câmeras e, em especial, como o corpo que filma se movimenta para representar a cidade. No século XXI, os corpos humanos na cidade se relacionam com o espaço urbano de maneira progressivamente aparelhada e, portanto, as representações fílmicas demandam novas estratégias que impulsionam, a cada dia, o aperfeiçoamento do aparelho cinematográfico. Sob essa perspectiva, observa-se no mundo contemporâneo um fato novo: a realização de documentários fílmicos sob a forma colaborativa. Documentários dessa natureza têm possibilitado refletir sobre as diferentes maneiras com que os indivíduos - cineastas e espectadores - (re) significam o espaço urbano. Entre tantos filmes documentários, três são bastante emblemáticos nesta investigação, por se tratarem de representações da cidade pautadas em distintas relações - entre o aparelho que filma, o corpo que o opera e o espaço urbano que representa. Berlim, Sinfonia da Metrópole, Detropia e St. Henri, the 26th of August são documentários que estabelecem recortes temporais e sócio-espaciais particulares, uma vez que possibilitam perceber diferentes maneiras de estar, experimentar e representar a cidade moderna e a cidade contemporânea.

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