Fatima Maria Andrade Pelaes
Título da Tese: Fronteiras e cidades na Amazônia: As cidades-gêmeas de Oiapoque no Brasil e Saint-Georges de L'Oyapock na Guiana Francesa
Ano de defesa: 2020
Orientador: Margareth da Silva Pereira
Resumo | Abstract: O presente trabalho enfoca a urbanização em áreas de fronteira, tendo como objeto de estudo as cidades-gêmeas de Oiapoque e Saint-Georges, localizadas na região fronteiriça do Oiapoque com o platô da Guiana francesa. Procurou-se interpretar as dinâmicas urbanas ocorridas nestas regiões fronteiriças da chamada "Amazônia Internacional", e de que maneira o estatuto fronteiriço tem influenciado no reordenamento urbano destas cidades. De fato, a fronteira, em geral, é vista como símbolo de poder e, ao mesmo tempo, como uma limitação para as regiões que a margeiam. Contudo, analisando as cidades de Oiapoque e de Saint-Georges tem-se por hipótese que a fronteira também pode representar um elemento de interação entre povos, com a formação de novas dinâmicas sociais e econômicas que diferem das formas de ser de outras cidades. Algumas questões orientaram esta pesquisa, das quais destacamos neste trabalho a seguinte: Quais os impactos observados nas cidades de Oiapoque e Saint-Georges provenientes de programas, planos e projetos pensados nos grandes centros de decisão político-administrativo? É de conhecimento que estes programas de governo geram obras de infraestrutura que interferem diretamente na urbanização das cidades e no modo de vida da população local. Contudo, os planos são implantados seguindo temporalidades e escalas diferenciadas para ambas as cidades em estudo, o que compromete as soluções urbanísticas em cada lugar. Consideradas cidades-gêmeas, graças a suas localizações, pertencendo a países diferentes (Brasil e França) e delimitadas de cada lado da fronteira pelo rio Oiapoque, é possível observar tanto as suas dissemelhanças, graças ao peso das instituições administrativas de cada país, quanto novas formas de cultura - próprias e, muitas vezes, comuns. São elas que, para além dos limites nacionais, tornam Oiapoque uma fronteira móvel, e se expressam na forma como a fronteira e as cidades são vividas, definidas ou ganham seus contornos, no cotidiano, no ir e vir da população.