Shirley Hitomi Gushiken
Título da Tese: O Processo De Urbanização em Mato Grosso: Entre Isolamento e Centralidades Estratégicas, uma História em Cinco Tempos
Ano de defesa: 2016
Orientador: Margareth da Silva Pereira
Resumo | Abstract: O processo de urbanização de Mato Grosso: Entre isolamento e centralidades estratégicas, uma história em cinco tempos. Rio de Janeiro, 2016. Tese (Doutorado em Urbanismo) Programa de Pós-Graduação em Urbanismo – PROURB/UFRJ. A urbanização do Centro-Oeste do Brasil e, particularmente, do estado de Mato Grosso, carece de trabalhos que metodicamente pontuem o seu processo de ocupação e colonização contribuindo para uma história da concepção, do desenvolvimento ou da estagnação de seus municípios em seus ritmos, articulações e conflitos. Povoações, colônias, vilas, povoados ou cidades marcam a conquista, o domínio e o controle do território mato-grossense em distintos momentos históricos. Todavia, as fontes que permitem pensar, em seu conjunto e na longa duração, os atores e os fatores que favoreceram ou dificultaram o processo de urbanização do estado parecem permanecer pouco sistematizadas em suas articulações, inclusive, com a urbanização de outras regiões do Brasil ou dos países limítrofes. Neste trabalho parte-se da hipótese que a história da urbanização em Mato Grosso se deu de forma lenta dada a amplitude e a diversidade dos interesses em cena. Lógicas hesitantes, contraditórias e, com frequência, autoritárias ditaram a criação, a fixação, a expansão ou a morte das povoações no atual estado, em função, por sua vez, do papel atribuído por atores individuais e coletivos à urbanização ora ao sul, ora ao norte, ora a oeste do país. Tem-se que esta história em cinco tempos – da Colônia à República – esteve e continua a estar conectada a de cidades e povoações implantadas ao longo dos diferentes caminhos terrestre, fluviais e até das rotas aéreas que atravessaram São Paulo, Goiás ou o Pará ou ainda contornaram o Rio Grande e a região Sul para reforçar ora a centralidade do Rio de Janeiro, de Belém, São Paulo, Goiás ou Brasília. Tem-se, enfim, que se está diante não do "isolamento" de uma região, mas talvez de sua estreita conexão com "centralidades" – dentro e fora do estado – que nem sempre foram ou se mantiveram as mesmas. Neste sentido, Cuiabá teve seu estatuto de capital com frequência ameaçado, mas estruturou, até meados do século XX, a rede mais importante de cidades do atual estado e da região Centro-Oeste. A situação geográfica, a dimensão territorial, as formas de relação com a população indígena, a produção de saberes científicos, os impactos tecnológicos ou os ditames da posse da terra e da economia ou da política evidenciaram-se como obstáculos, potencialidades e forças no longo arco temporal enfocado. A história da urbanização em Mato Grosso formou e entrelaçou os caminhos da própria construção da nação e de seu território, e não foi, necessariamente, o resultado de uma marcha para o Oeste. Suas cidades constroem uma história complexa, tal a diversidade das ações desempenhadas por atores sociais diversos, individuais e coletivos, públicos e privados, evidenciando inúmeros conflitos econômicos, sociais e culturais. Para compreender a dimensão multifacetada desse processo buscou-se mobilizar distintos campos do saber: da História à Geografia, da Economia à Política, evidenciando o quanto o campo do Urbanismo demanda, antes de tudo, um esforço interdisciplinar para que se possa interrogar suas próprias práticas e desafios contemporâneos.
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