Alunos egressos

Pilar Macarena Tejero Baeza

Título da Tese: Os centros da Metrópole: vestígios, sobrevivências e conflitos na imagem do Rio de Janeiro

Ano de defesa: 2023

Orientador: Margareth da Silva Pereira

Resumo | Abstract: Esta tese propõe uma reflexão sobre a noção de “centro” no vocabulário urbanístico, buscando desnaturalizar o seu significado a partir da análise de fragmentos de discursos textuais e visuais na longa historia do Rio de Janeiro metropolitano. Desde quando utilizamos a palavra centro? Por que o termo centro urbano vem sendo usado e reproduzido quando nos referimos a diferentes lugares, diversas situações e variados projetos em uma cidade? Estamos frente a uma denominação obsoleta ou frente a uma metáfora urbana deliberada diante da especificidade de viver em complexidade, diversidade, segregação e hierarquia em um sistema urbano? A historiografia visual e textual aqui proposta pretende narrar os vestígios, as sobrevivências e os conflitos de uma ideia altamente hierárquica e consolidada, mostrando os movimentos, as contradições e as escalas da imagem dos centros metropolitanos. O documento foi organizado em duas partes: a primeira, o fundamento teórico trata da não neutralidade das palavras, o pensamento por imagens e o fazer cartográfico, aprofundando -sobre a história das próprias práticas visuais e seus entrelaçamentos com a arte, a geografia, matemática, astronomia, engenharia, a arquitetura, entre outras. A pesquisa mergulhou nas práticas reflexivas sobre a experiência de se habitar o objeto de estudo através do desenho à mão livre, ressaltando os vestígios e as sobrevivências metropolitanas da ideia de centro nos pouco mais de dois séculos da história do Rio. Também experimentou-se formas de observação cartográficas, georreferenciando os dados abertos de diferentes acervos digitais ao fazer montagens cronológicas e georreferenciadas dos percursos da noção e dos atores. A segunda parte, da tese trata da formação da noção de “centro” na complexidade do Rio de Janeiro, agrupada por 5 momentos temporais e que recortam as práticas urbanísticas em 5 nebulosas, iniciada “quando a ideia de centro invade o vocabulário das cidades” (1763 – 1831)” mostrando como um conceito geométrico passou a designar um corpo sociopolítico. “A nebulosa da centralização (1832-1874)” expõe como o vocábulo se transforma em sinônimo de cidade, fixando o sentido de espaço construído para se diferenciar das vizinhanças e passa a ser adotado pela administração provincial para ser deslocado lentamente para o interior do Brasil. A terceira nebulosa da descentralização” (1877-1926) criada pelos movimentos de autonomia, alcança abrangência territorial com os estados federativos e visões republicanas, marcando o “centro” do país, no planalto central e reformando a capital federal com violentas transformações ao mesmo tempo em que se debate sobre sua transferência. No quarto tempo dos “bairros centrais e da suburbanização” (1927-1965) amplia-se o vocabulário e a temporalidade estudada nesta nebulosa de intensificação da vida urbana e de dispersão de fluxos demográficos e socais na formação da metrópole. E por último, “a nebulosa dos paradoxos (1966-2021)” mostra as contradições hierárquicas e as proliferações das visões funcionalistas que predominam enquanto a ideia de centro continua a se movimenta abertamente, sem história ou crítica, pelos espaços metropolitanos do Rio de Janeiro e, inclusive, em suas “periferias”.

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Pesquisas: