Alunos egressos

Flavia de Faria Neves G. da Silva

Título da Tese: Urbanismo Azul: uma interpretação da Polinésia Francesa

Ano de defesa: 2020

Orientador: Denise Barcellos Pinheiro Machado

Resumo | Abstract: O objetivo desta tese é demonstrar o valor das técnicas construtivas tradicionais e ancestrais e das expressões da arquitetura vernacular para a produção da arquitetura contemporânea, reabilitando a tradição das técnicas na metodologia de projeto arquitetônico. Trata-se do caso específico das técnicas construtivas tradicionais e ancestrais das pirogas da Polinésia Francesa, do arquipélago dos Tuamotus e da ilha de Raivava’e, que se encontra no arquipélago das Austrais. As pirogas representam a cultura da Polinésia, e servem de transporte, meio de busca de alimento, trocas sociais e culturais, abrigo e lazer. O que me fascinou foi o ofício artístico da costura da piroga juntando pedaços de madeiras distintos, e o fato dessa construção ser um trabalho coletivo de sobrevivência dos habitantes do lugar. A Polinésia Francesa localiza-se no centro da composição triangular entre Havaí, Ilha de Páscoa e Nova Zelândia que se denomina Triângulo Polinésio. O Oceano Pacífico é o que rodeia essas ilhas. Entre as ínsulas e o oceano existe um anel de corais, atóis que chegam a ter uma profundidade de 3 mil milhas. Para os polinésios o mar jamais é um obstáculo, a terra e o mar constituem um contínuo. As pirogas são as costuras entre ilhas. Os polinésios compartilham entre si as mesmas tradições culturais — na língua, na arte, na religião e nas ciências. São também conhecidos como grandes navegadores. Como suas travessias ocorriam sem instrumentos, eles desenvolveram uma grande observação da Natureza, orientando-se pela localização das estrelas e das constelações, pela ondulação do mar, os pássaros, a cor das nuvens e dos ventos. É uma civilização animista, de tradição oral, na qual os velhos sábios transmitem o seu conhecimento aos escolhidos. Utilizei a observação participante, do antropólogo polaco Bronislaw Malinowski, o qual defende que a cultura de uma civilização é a soma dos hábitos, costumes, técnicas e crenças. As fontes mais importantes que embasaram a pesquisa foram entrevistas e vivências com os mestres espirituais, sábios da cultura, arquitetos, etnólogos especialistas em patrimônio imaterial, e o intercâmbio com a Universidade da Polinésia Francesa (UPF) e o Centro de Artes e Ofícios (CMA). A técnica construtiva da construção da piroga costurada pode servir de inspiração ao desenho contemporâneo da arquitetura, enquanto manifestação artística e pelo uso dos materiais disponíveis, devidamente adaptados aos locais e aos usos.

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