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AS RUÍNAS DA PATRIMONIALIZAÇÃO: Rio 2014 • Paris 2015

Chamada para apresentação de trabalhos – data limite do envio de propostas : 30
de setembro de 2014

Há duas ou três décadas o fenômeno da patrimonialização diz respeito a objetos cada vez mais diversos em múltiplas escalas. Muitos esforços científicos, artísticos, econômicos e políticos estão sendo implementados para a aquisição de certos selos – como o de patrimônio mundial – que não apenas influenciam na possibilidade de reconhecimento transcultural, mas possuem também efeitos concretos sobre as próprias culturas. O novo regime de visibilidade patrimonial exerce influência sobre construções identitárias, favorece o crescimento através do turismo, influencia consideravelmente o preço dos terrenos, como também uma profunda mudança da população local. Certas práticas coletivas tendem, assim, a desaparecer, enquanto outras se instauram, num movimento que cria conflitos ou os ressignifica.

O objetivo das “Ruínas da Patrimonialização” é iniciar uma arqueologia dos territórios
patrimonializados através de uma atenção às “ruínas” deixadas pelos processos de
rotulação das cidades. Esta abordagem exige tomar emprestado da arqueologia sua
capacidade de interrogar as ruínas que só podem ser lidas ou consideradas no presente
como lugar específico onde atuam o reconhecimento do passado e, em potência, o do
futuro.Considerando que são as sobrevivências lidas hoje que estão sendo reativadas, é
portanto um potencial “oculto” que é sempre reinventado. Os objetos patrimoniais serão
assim encarados “de perto”, para extrair os traços de uma vida cotidiana que está se
desenrolando, que foi perdida e que será.Esta abordagem por via de articulação de escalas retorna inevitavelmente ao método
indiciário. Ele consiste em fixar atenção aos detalhes, materiais e imateriais, que podem
nos fazer compreender que a rotulação abandona, esquece, transforma e cria.
As “Ruínas da Patrimonializacão” se realizarão em dois tempos de reflexão, no Rio de
Janeiro e em Paris. Irão permitir a mobilização do esforço de debate sobre aquilo que nos
discursos e práticas patrimoniais é percebido como “salvo”, mas que, ao mesmo tempo,
transforma e banaliza uma economia local, promove destruições de assentamentos
informais, ou ainda transforma radicalmente as práticas culturais. Recontar aquilo que a
patrimonialização deixa sobre os territórios, quais territórios ela produz e deixa em
herança, será o tema destes encontros.Chamada de Trabalhos
Call for Papers
Appel à Contributions

25 agosto 2014